Louis’s POV
Uma semana atrás
Saah estava na casa de Aurea e Harry há duas semanas. Eu havia parado
de tentar falar com ela porque Harry havia dito que sempre que eu fazia
isso, ele e Aurea acabavam brigando e eu não suportaria ver mais um
casal discutindo por minha causa. Ficava trocando mensagens com meu
amigo e ele me mantinha informado sobre como ela estava e tudo mais.
Durante um dos nossos ensaios, ele me disse que ela estava decidida a
voltar para Chicago. Eu simplesmente não tinha ideia do que fazer,
parecia que tudo saía cada vez mais do meu controle e me impedia de ver
claramente as coisas, eu só sabia que não podia a deixar ir.
- Você já resolveu aquele assunto? – Harry me lembrou de o que eu não conseguia esquecer.
- Claro que não, se já tivesse resolvido, Saah estaria comigo! – Disse sem paciência.
- Você sabe que não pode mais adiar isso, resolva essa coisa logo ou
conte a verdade para ela, não podes ficar enrolando a menina por mais
tempo.
- Eu não consigo falar para ela, não antes de resolver as coisas.
- Bom, você quem sabe. Você é quem vai sair perdendo...
Horas depois, nós já havíamos dado o ensaio como acabado, visto que eu
mal conseguia me concentrar. Errei os tempos, a ordem das coisas, até as
letras e tudo mais que poderia ter errado.
- Ok gente, vamos tentar de novo semana que vem – Liam disse.
- Hey, me dá uma carona? – Eu perguntei para Harry – Eu vim andando, mas estou cansado demais para voltar.
- Claro – Ele disse.
Eu chamei Harry para entrar e ele me contava de como Saah parecia
confusa e que eu tinha o dever de contar a verdade para ela quando eu o
parei. Sem falar nada eu subi as escadas correndo e ele logo veio atrás
de mim. Abri uma das gavetas de Saah e elas estavam quase vazias. Eu
sabia, ela havia estado ali. Por mais que as mudanças fossem mínimas e
ela não tivesse tirado todas as suas coisas dali, eu sabia que ela havia
estado ali.
- O que foi? – Harry não entendia.
- Ela veio
aqui – No meio da minha confusão de latas, papéis e coisas, eu podia
sentir que ela havia estado ali. Meus olhos foram diretamente para o
envelope no criado mudo, não parecia ter sido mexido. Eu implorava para
que ela não tivesse olhado.
- O que é isso? – Harry perguntou enquanto eu verificava o conteúdo do envelope.
- Isso é tudo, cara. – Eu respondi e ele entendeu.
- Você realmente tem que resolver sua vida, Louis. Eu vou pra casa,
saber se ela chegou a ver isso ou algo assim, te deixo informado.
- Obrigado – Eu disse, desabando na cama. Harry saberia encontrar o caminho até a porta sozinho.
Cerca de vinte minutos depois, Harry me ligou, disse que ela
aparentemente não havia visto o envelope. Iria mesmo pra Chicago no dia
seguinte e que hoje iria a uma festa com Aurea. Eu me lembrei de quando
nós saíamos e os caras olhavam para ela e seus vestidos curtos e eu só
sorria e passava o braço pela cintura dela, por mais que eles olhassem,
ela iria para casa comigo.
- Você quer vir para cá? Os meninos estão vindo para jogar poker e beber um pouco.
- Tem certeza que é uma boa ideia?
- Bom, ideia da Aurea, acho que não tem problemas.
- Ok, vou tomar um banho e estou indo, com todo esse azar no amor, preparem suas carteiras. – Disse e desliguei.
Então ela estava saindo com Aurea. Realmente não me amava mais? Eu
precisava vê-la, ela iria deixar a cidade no dia seguinte! Como ela
conseguia me deixar assim tão facilmente?
Quinze minutos mais
tarde, estava entrando na rua de Harry. O carro de Saah ainda estava lá,
mas o de Aurea não, provavelmente era seguro entrar.
Quando cheguei, todos os garotos já estavam lá.
- As meninas saem e nós ficamos jogando poker? – Zayn fez uma cara de mafioso com um charuto apagado num canto da boca.
- Boys do what they can – Harry suspirou, embaralhando as cartas.
Eu tentava jogar, mas tudo o que pensava era como Saah estava, se ela
estava se divertindo, se ela estava com alguém, se ela estava bebendo
muito, se alguém ia tomar conta dela, se esse alguém era algum galã de
cinema, se ela viria dormir em casa, se ia acabar com outro cara e de
repente já não tinha tantas fichas na minha mesa nem tanto álcool no meu
copo.
Horas depois, estava decidido que não esperaria Saah
voltar, que era muito doloroso, quase cinco da manhã e eu já havia
bebido todos os energéticos existentes naquela casa.
Liam e Niall já haviam voltado para suas casas e eu me preparava para fazer o mesmo, quando ouvi o barulho da porta batendo.
As vozes e risadinhas vindas da sala indicavam que elas haviam chegado.
Não havia nada que eu pudesse fazer, a não ser implorar para que elas
subissem as escadas de uma vez.
- É melhor eu ir levar minha garota
para a cama, o último a sair, bata a porta – Harry falou, jogando as
suas cartas na mesa. Ele teria ganhado mais essa rodada, mas sua mulher
era mais importante do que uma partida de poker [mesmo que estivéssemos
jogando pra valer e ele havia perdido a chance de ganhar uma boa grana].
- Ele realmente ama essa garota – Disse Zayn puxando as fichas para si – E eu amo esse jogo.
- Fale baixo – Eu disse, mas era tarde demais, ela estava ali.
Ela nos olhou e caminhou elegantemente até mais perto, e de repente
parou, como se lembrasse da minha existência naquele instante.
- Saah! Quer entrar no lugar de Harry? – Zayn perguntou naturalmente.
Eu gelei. Não pela possibilidade dela entrar no lugar de Harry e
começar aquele seu discurso que era bem melhor do que todos nós e eu ter
que começar a perder de propósito só pra deixá-la feliz por ter
vencido. Eu gelei porque não estava pronto para vê-la, não assim. Aquele
vestido valorizava seus peitos, a parte de seu corpo que eu mais
gostava. Ela estava com um ar alegre, provavelmente por conta da bebida
que havia tomado. Eu a olhava e pensava, isso tudo já foi meu, ia para
minha cama depois das festas e agora ela não me quer mais.
- Eu preciso ir dormir. – ela falou graciosamente – Boa noite, gente.
- Boa noite – Zayn e eu dissemos para o nada, já que ela não havia esperado por uma resposta.
Eu fui para a casa e nunca a minha cama pareceu tão grande e vazia. O
sono custou a vir e tive a sensação que assim que adormeci, meu celular
tocou. Abri meus olhos com dificuldade, a luz que entrava no quarto
quase me cegava. Quando finalmente me acostumei, olhei para o visor:
Você já viu isso?
Crystal.
Era uma mensagem vinda diretamente da fonte dos meus problemas,
Crystal. O link que ela me enviara me mostrava um site de fofoca.
Trocando de negócio
Noiva de Louis Tomlinson é vista em clima de romance com Robert Pattison. Cansada de músicos?
Uma foto borrada de Saah e do tal Robert de mãos dadas estampava a
matéria. Então ela não se importava mais comigo? O fim era irreversível?
Bom, ela estava indo para Chicago, certo? Quem sabe eu ainda tinha
alguma chance.
Horas depois, ouvi uma buzina familiar na frente
de casa. Olhei pela janela e era Saah, parada em seu carro. Sai
correndo até chegar até ela. Quando me aproximei, notei que na verdade
era Aurea que saiu do veículo e me passou as chaves.
- Fui levar Saah para o aeroporto e ela pediu que deixasse o carro aqui. – Ela disse.
- Ah, obrigado. Você quer que eu te deixe em casa?
- Eu prefiro andar – Ela sorriu, mas não havia afeto nele. Eu não a
julgaria, se conhecesse Harry, ela deveria saber a verdade e deveria me
odiar por isso.
- Olha Aurea...
- Louis, nem tente ok? Eu sei
de tudo e não me pergunte o porquê eu não contei para ela ainda. Você
está sendo extremamente idiota por deixar isso tudo acontecer e mais
idiota ainda por não resolver as coisas de uma vez. Eu queria muito te
socar sabe?
- Tudo bem, eu mereço – Disse envergonhado.
- Mas
eu te amo demais pra fazer isso – Ela me abraçou – Resolva as coisas
logo, eu já pedi para Valentino fazer meu vestido de madrinha!
-
Certo – Falei sorrindo. Ela me deu um soquinho no ombro e começou a
caminhar para casa. Sim, essa é a Aurea, te odeia e te ama num intervalo
de segundos. Assim que ela saiu da minha vista, eu notei que estava
sozinho e que só eu podia resolver isso.
Uma semana desde que
Saah havia voltado para Chicago e as coisas pareciam que finalmente
iriam começar a se ajeitar para mim. Zayn ia me levar até o aeroporto,
eu iria para Vegas resolver tudo e depois iria para Chicago, atrás da
minha mulher.
- Obrigado por me emprestar o carro – Zayn disse – Assim que o meu voltar da oficina, eu devolvo.
- Em um pedaço, eu espero – Disse rindo.
- Vou tentar ao máximo – Ele falou rindo também – Posso colocar o chiclete aqui? – Ele perguntou abrindo o cinzeiro do carro.
- Zayn, não, coloca isso no lixo.
- Olha isso aqui – Ele tirou algo do cinzeiro – Não é o anel de Saah?
Isso mesmo. O anel de noivado, o símbolo do nosso compromisso, largado no cinzeiro do carro.
- Você deveria devolver isso pra ela, sabe? – Zayn me encorajou.
- É o que eu vou fazer – Disse estacionando – Será que eu consigo trocar minha passagem?
- Boa sorte cara – Ele me disse enquanto eu corria para dentro do Phoenix Sky Harbor.
Cheguei a Chicago e tomei um táxi para um hotel. Tomei um banho e
troquei de roupas, jogando minha mochila em um canto qualquer do quarto.
Eu lembrava o endereço de Saah, mas não sabia bem o que fazer quando
chegasse lá. Coloquei o anel no meu bolso e esperava que a chance de
devolvê-lo aparecesse e que o pai dela não me recebesse com uma
espingarda na cara.
Assim que o táxi parou na frente da casa dela,
era como se eu fosse aquele cara que achava que o mundo era pequeno para
mim, naquele tempo que achava que era imortal e que nada poderia me
atingir, exceto Saah. Ela ainda é meu ponto fraco, ela ainda é quem faz
meus joelhos vacilarem.
Toquei a campainha e rezava para que Saah abrisse a porta, mas foi o pai dela quem o fez.
- O que você quer aqui? – Ele disse e eu preferiria que ele estivesse com uma espingarda.
- Eu só quero conversar com ela, se ela não quiser falar comigo, eu vou embora.
- Hm, vamos, se ela não quiser recebê-lo, você não voltará sem ser convidado, certo?
- Certo – Assenti.
- Filha? – Ele bateu na porta do quarto dela.
- Pode entrar, pai – Ela respondeu e abriu a porta. Lá estava ela, bem
ali. Deitada, exatamente como eu me lembrava dela. Linda. Quase um mês
de distancia, mas pareciam anos. Suspirei enquanto ela se ajeitava na
cama.
- Tudo bem papai, pode deixar – Ela falou para o pai, que
continuava com a mão na maçaneta, pronto para fechar a porta na minha
cara e me chutar para fora.
- Certo, qualquer coisa, é só chamar – Ele disse olhando dela para mim, como quem diz ‘toque nela e eu te mato, garoto’.
- Quer se sentar? – Ela disse e eu achei tudo aquilo muito estranho,
ela me tratava de um jeito tão cortês, como se nunca tivéssemos sido
mais do que bons amigos.
- Não, na verdade queria saber se você
quer sair, conversar em outro lugar – Eu falei baixo, receoso que seu
pai estivesse com um copo colado na porta, ouvindo cada palavra minha.
- Claro, só me deixe trocar de blusa – Eu queria dizer que não era
preciso, que ela estava linda e que ela tinha que voltar para mim, mas
tudo o que saiu foi ‘ok, vou te esperar lá fora’ ou algo assim.
O único lugar que eu sabia ir sem me perder por Chicago era a casa de
Saah. E de lá eu sabia ir até um pub que nós costumávamos frequentar na
época de namoro. Sentamos-nos à mesa habitual, mais no fundo e eu a
olhava como querendo notar se havia perdido alguma mudança nessas três
semanas de separação, além do fato dela ter removido o pôster da minha
banda da parede do quarto dela, lembro que sempre surgiam piadas por
conta daquele pôster, mas nem mesmo assim ela o tirava de lá.
-
Você continua ótima – Eu disse. Queria dizer que ela estava ótima sem
mim, mas que eu era nada sem ela e que precisava dela e que tínhamos que
resolver isso, porque eu estava um trapo sem ela.
- Obrigada, você também está muito bem – Ela disse e todo o meu discurso foi-se por água abaixo.
Bebemos e conversamos amenidades, em nenhum momento ela falou algo
sobre a separação ou Robert , William, seja lá qual era o nome dele e eu
também não disse nada. Éramos como bons amigos conversando e tomando
(muita) cerveja. Em nada parecíamos com o casal que passou meses
planejando o resto de nossas vidas juntos e que simplesmente haviam
deixado isso para trás. O sino do pub tocou indicando que era três da
manhã e que eles estavam prontos para fechar.
- Nós podíamos ir
para o meu hotel, você sabe – Eu disse enquanto nós dois cambaleávamos
até um táxi, não queria ter que me separar dela – Só para beber e
conversar...
- Eu não sei se é uma boa ideia, Louis.
- Eu não vou atacar você, nem nada disso, se é o seu medo – Eu disse sem saber se poderia mesmo cumprir minha promessa.
- Vamos – Ela disse me puxando para um táxi.
Assim que entramos no quarto, me arrependi por ter prometido que não a
agarraria. Estava difícil me controlar, ainda mais a vendo com aquele
decote. Ela caminhou da maneira mais sexy que podia até o frigobar e
pegou aquelas garrafinhas de bebidas que custam o dobro de uma no
tamanho natural. Virou uma vodka sem dó e estendeu um whisky para mim.
Nossas mãos se tocaram por um único segundo, mas foi como se algo
pulasse dentro de mim, eu simplesmente não podia mais me controlar, eu
precisava do corpo dela no meu e foi isso que fiz. Eu a puxei contra mim
e antes que ela pudesse mostrar qualquer sinal de resistência, eu a
beijei e senti seu corpo relaxando em meus braços.
Meu corpo estava
gritando pelo dela, o que me fazia me atrapalhar na hora de despi-la,
mas o fiz com a maior rapidez que podia. Beijei o seu corpo por
completo e finalmente ela era minha novamente. Não queria que isso
acabasse.
Acordei na manhã seguinte com um sorriso no rosto ao
ver minha mulher deitada ao meu lado. Queria ficar com ela para sempre,
mas não podia, ainda não. Tomei banho e arrumei minhas coisas, joguei
minha mochila em um dos armários. Olhei para Saah uma última vez e quase
desisti de ir, mas sabia que se queria ficar com ela teria que ajeitar
as coisas. Escrevi um bilhete e deixei o seu anel de noivado sobre a
mesa. Eu a beijei delicadamente e sai.
- Oi, a minha mulher está lá
em cima – Disse para a recepcionista quando cheguei ao saguão do hotel –
Você pode ligar para ela às dez da manhã? E mande o café da manhã para o
quarto, ok?
- Sim, senhor – Ela disse, pegando as minhas informações.
Corri até o aeroporto e comprei meu ticket para Vegas.
Em algumas horas estaria de volta para minha mulher e todos os meus problemas estariam resolvidos. Assim esperava.
Continua ...
Continua pff
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